Wednesday, November 29, 2006

Pollock

Vale a pena dar uma olhadela:
http://www.jacksonpollock.org/

Mundial 2006

Um tanto ou quanto fora da época, mas um boa crítica é sempre uma boa crítica!


"Erik Spiekermann, um dos designers gráficos mais respeitados da Alemanha, abomina as criações visuais para a Copa do Mundo, do mascote ao logo. Ele explica por que, em entrevista à DW-WORLD.

DW-WORLD: O senhor tem criticado muito o mascote da Copa, Goleo. Por quê?

Erik Spiekermann: Não apenas o mascote, mas a coisa toda. O mascote em si é um típico esforço para agradar gregos e troianos. É um leão, sem relevância histórica alguma para a Alemanha. Temos águias, gnomos, anões de jardim, e o que mais for, mas não temos leões. Isso é Inglaterra, ou França. O mascote é chamado Goleo, de "gol", como na palavra espanhola, e "leo", leão em italiano, latim e espanhol. Então, obviamente, tenta apelar para uma audiência mundial, o que é interessante, mas um tanto paternalizante. Por que não estar na Alemanha e chamá-lo "Fritz", ou o que seja? Já que somos alemães, então vamos assumir. Esse leão artificial não é nem bonito, nem feio, muito menos relevante. É simplesmente constrangedor.

Seria um caso de cozinheiros demais na cozinha do design?

Quando vi pela primeira vez tanto o leão quanto o logo, todo o conceito de design da Copa do Mundo na Alemanha, pensei "oh, meu Deus, esses pobres designers". Já estive nessa situação, lidei com esse tipo de cliente. Conheci, inclusive, alguns dos designers que perpetraram esse design, e sei que estavam em desvantagem desde o início. Todo o mundo quer ter o seu dedo no design de um evento mundial como esse, do presidente da empresa à sua esposa, continuando por toda a cadeia hierárquica abaixo, e há muitos comitês, reuniões, onde gente que não sabe o que está fazendo exige mudanças. No fim, o denominador comum acaba sendo muito, muito baixo. Eu jamais contrataria nenhum dos responsáveis por esse design.


Por que acha que o conceito todo não funciona, especialmente no que diz respeito ao logo?

Primeiro, há mensagens demais. A idéia original era: temos que incluir a Alemanha, 2006, a Fifa, além disso, tem que haver umas pessoas alegres, precisamos do verde da grama, temos as cores nacionais da Alemanha. Então tem verde, preto, vermelho e amarelo e as caras felizes e a Fifa, simplesmente mensagens demais. Basta olhar o logo e contar a quantidade de elementos, tudo isso é contra a comunicação eficiente.

A Alemanha fez melhor no passado?

Sim. Há o exemplo óbvio: o logo dos Jogos Olímpicos de 1972. Basicamente, era o outro lado do design alemão. Foi criado por um grupo ao redor de Otl Aicher, um dos pais da velha escola, dentro da tradição germânica, protestante, da Bauhaus. Era bastante rígido, mas deram um jeito de realizá-lo em cores pastel, leves, o que fez o design parecer alemão, no sentido de ser limpo e arrumado, mas ao mesmo tempo, claro e alegre. Até mesmo o mascote, um cachorrinho "salsicha", um dachshund, não podia ser mais alemão. Foi criado ao longo de alguns anos pelos melhores da época. Mas esses caras de Munique, da Copa deste ano, só foram escolhidos por conhecerem alguém do alto escalão da Federação Alemã de Futebol e da Fifa. Isso nos dá uma má reputação.


Por que os designers da Copa evitaram parecer "alemães" demais?

Em parte, por termos essa incrível cruz a carregar. Você não pode se orgulhar de ser alemão, pois temos uma história tão negativa. Pelo menos a minha geração não pode, e nasci em 1947. Os clientes deste caso específico são da minha geração ou mais velhos, então acho que estavam tentando dar ao mundo tudo num pacote, e ao mesmo tempo ser alegres. É como desenhar uma piada, e não se pode desenhar uma piada. Acho que o conceito original da encomenda era um caos só. Com todas as coisas a serem evitadas, e o que se queria incluir, era impossível desenvolver algo bom. A não ser, é claro, que você fosse um designer de personalidade forte, que basicamente diria a essas pessoas dando as ordens para irem "se catar". O que os designers em questão não fizeram: eles apenas pegaram o dinheiro e saíram correndo.

A Copa do Mundo é sobre futebol, antes de mais nada. Qual é a importância do design nesse contexto?

Ele tem uma função direta, diz a você aonde ir, o orienta para sua meta, telões, estádios, muitas outras coisas. Ele diz às pessoas: "Essa mensagem se refere à Copa do Mundo". É como qualquer design para uma locação ou evento: você quer que as pessoas tomem consciência de sua presença. Uma vez dentro do sistema, o design lhes diz se estão no caminho certo, e indica o que está prestes a acontecer. Ele tem um papel funcional, mas também cria uma atmosfera, desempenha um papel psicológico.

Então que tipo de mensagem o atual design está passando?

Está dizendo que quem o desenhou e o encomendou não confia em suas habilidades, e está tentando agradar a todos ao mesmo tempo. Há excesso de organização, há mensagens demais, e ninguém quer assumir a responsabilidade. De fato, é um perfeito espelho da sociedade alemã no momento, é como a grande coalizão governamental – dois grandes partidos que, basicamente, se anulam porque nenhum pode tomar decisões. Todo o mundo está tentando ser legal, sabe que devemos fazer algo, mudar a sociedade, comportamentos e economia, mas ninguém quer dar o primeiro passo, pois está tão cômodo. Ainda estamos envoltos em nosso confortável cobertor de segurança. Sabemos que faz frio lá fora, então ficamos enroscados do lado de dentro. É como o logo da Copa, querendo agradar a todos, sem colocar nem um dedo para fora do combertor de segurança.

Evitando controvérsias a todo o custo?


Exatamente. O que acontece afinal, é que fica incrivelmente apagado. O design alemão é conhecido, e conhecido precisamente por ser alemão. Você compra um Porsche ou uma BMW ou um Audi porque são alemães, e não apesar de serem alemães. E não é todo o mundo que gosta. Tem algo de único, não é paternalizante. O mesmo vale para trabalhos gráficos, e temos uma longa história de design. Mas, por alguma razão, isso não passou para esse pessoal do futebol. É uma pena, pois quando as pessoas vêm de outros países, pensam que os designers alemães são assim, e para mim é pessoalmente constrangedor. Tenho vontade de ir embora, me esconder e fingir que sou neurocirurgião ou qualquer outra coisa.

O que diria aos designers por trás do projeto da Copa do Mundo?

Mantenham o seu emprego principal.


Erik Spiekermann é um dos mais conhecidos e respeitados tipógrafos e designers alemães. Foi um dos fundadores da MetaDesign, um dos principais estúdios para design corporativo e de marcas. Entre seus clientes estão Apple Computer, Audi, VW, IBM e Nike. Spiekermann também desenvolveu o sistema de informação de passageiros da Deutsche Bahn, a ferrovia alemã, e ajudou a redesenhar a revista The Economist. Professor honorário da Escola de Artes de Bremen, ele foi ainda presidente do Instituto Internacional de Design Informático. Apesar desse currículo, não teve qualquer participação no projeto da Copa 2006."

Uma Thurman




Andava eu a navegar de site em site quando me deparo com com os posters do filme "My super ex-girlfriend". Nada fora do comum... Mas agora reparem bem nos dois corpos da suposta Uma. Não é preciso olhar muito, as diferenças são abismais. Reparem então agora na cara. A mesma cara, a mesma fotografia, dois corpos diferentes!

Tuesday, November 21, 2006























Grande Reportagem is a Portuguese news magazine that is recognised for its investigative reports and excellent photo-journalism. In 2004 the magazine switched from being an independent monthly publication to a weekly supplement in the Saturday edition of the daily national newspaper Diário de Notícias, owned by the same publishing company.
The creative challenge of the campaign was to reaffirm the magazine’s unchanged commitment to serious journalism by focusing on topics that are important for people’s understanding of the world today.
This led the creative team to the concept “Meet the world” and to the idea of using flags of different nations as vehicles to transmit it. In each case, the colours that appear on various national flags were used to symbolise a social or political issue that is specific to the country in question. For example:




China – the dominant red background of the Chinese flag is used to symbolise the proportion of 14 year-old child workers in China, while the smaller yellow stars represent 14 year-old children in school.



USA – the red stripes represent those in favour of the war in Iraq, the white stripes represent those who are against it and the blue area of the flag are those who don’t know where Iraq is.



The campaign encompasses eight fundamental themes. In addition to child labour and the war in Iraq, other subjects addressed the distribution of wealth in Brazil, child mortality in Burkina Faso, drug trafficing in Columbia, the abuse of woman in Somalia, the spread of infectious diseases in Angola and energy wastage in the European Union.
In each case the agency consulted organisations like Amnesty International, the United Nations and various national institutions to ensure that the points made in the campaign were supported by facts and hard data.
The Grande Reportagem campaign won the 2005 Epica d’Or for print advertising in a final vote against Swedish campaign for the Stockholm Stadsmission.
It marked the first time that one of Epica’s top awards has gone to a Portuguese agency.

BOAS PUBLICIDADES






Saturday, November 18, 2006

ELOGIO AO AMOR

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.

Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.

Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito.

Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito.

Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama.

Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado.

Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.

O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.

A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática.

O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente"apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.

Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.

Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".

Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.

O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.

Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz.

É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra.

A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade.

É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre.

Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber.

É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

MIGUEL ESTEVES CARDOSO, in Expresso